Sintomas respiratórios e qualidade de vida em adolescentes
Carlos Pereira; Henrique Barros
Resumo
Introdução: Em 1948, a OMS definiu saúde como o completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade(1). Paralelamente, o conceito de qualidade de vida relacionada com a saúde assume uma nova dimensão e passa a englobar os três domínios fundamentais expressos na definição: o físico, o psíquico e o social(2,3). Assim, o termo qualidade de vida evidencia aspectos muito diversificados que são influenciados pelas experiências, crenças, expectativas e, particularmente, as percepções individuais da saúde e da doença(4,5). Desta forma, qualidade de vida assume-se como um conceito individual que não pode ser determinado por decisões de terceiras pessoas, tornando-se por isso difícil de retratar e de quantificar(4). Na sua avaliação, um indivíduo pode enfatizar a vertente objectiva de determinada função ou estado de saúde, e outro a vertente mais subjectiva decorrente do seu conceito de saúde(3,6). Duas pessoas com o “mesmo estado de saúde” podem expressar níveis de qualidade de vida bem diferentes, dependendo, designadamente, da forma como cada indivíduo aprende a viver com as limitações impostas pela doença e a sua satisfação com a vida(3). Para a mesma doença, a multiplicidade de fenómenos envolvidos implica, inevitavelmente, uma grande variabilidade individual da qualidade de vida. Esta diversidade determina uma infinidade de diferentes estados de saúde, cuja avaliação está dependente da forma como é valorizada determinada dimensão em detrimento das outras(3). Uma doença crónica priva o indivíduo de inúmeras fontes de prazer pessoal, na medida em que interfere na auto-estima, no controlo do próprio corpo e nas relações interpessoais. Em crianças e adolescentes, as repercussões atingem não somente o doente, mas todo o seu universo familiar, podendo originar problemas complexos e implicações a longo prazo que irão traduzir-se negativamente na qualidade de vida do indivíduo, da família e dos próprios grupos onde se insere(7-11).
Referências Bibliográficas;
1. WHO. Officials Records of the World Health Organization. United Nations, World Health Organization, 1948; 2:100.
2. WILSON I, Cleary P. Linking clinical variables with health-related quality of life. J Am Med Assoc 1995; 273:59-65.
3. TESTA M, Simonson D. Assessment of quality-of-life outcomes. N Engl J Med 1996; 334:835-40.
4. KANE R. Scaling the heights of quality of life. J Clin Epidemiol 2001; 54:1079-80.
5. LAFFAIRE B, LAJUGIE P, PENCHAUD C, SAUVANIAC B, Wrotius. Douleur, dépression et qualité de vie. Soins 2001; 651:38-41.
6. BERGNER M. Quality of life, health status and clinical research. Med Care 1989; 27:S148-56.
7. STEIN R, RIESSMAN C. The development of an impact-on-family scale: preliminary findings. Med Care 1980; 18:465-72.
8. STEIN R, JESSOP D. A non categorical approach to chronic childhood illness. Pub Health Rep 1982; 97:354-62.
9. SCHELLEVIS F, VAN DE LISDONK E, VAN DER VELDEN J, HOOGBERGEN S, VAN EIJIK J, VAN WEEL C. Consultation rates and incidence of intercurrent morbidity among patients with chronic disease in general practice. Br J Gen Pract 1994; 44:259-62.
10. EUROPEAN Allergy White Paper. Allergic diseases as a public health problem. Bruxelas, The UCB Institute of Allergy, 1997.
11. DINAPOLI P, MURPHY D. The marginalization of chronically ill adolescents. Nurs Clin North Am 2002; 37:565-72.
Artigo Original Publicado in: Millenium, 2008.
Como citar: Pereira, C, Barros H. Sintomas respiratórios e qualidade de vida em adolescentes. Millenium [Internet]. 2008;34:299-309.